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Foto do escritorThiago Garcia

A interoperabilidade das redes de carregamento é desejável, mas não tão simples

Atualizado: 13 de out. de 2023

Fala galera, beleza? Já falei no passado sobre a conectividade e compartilhamento de dados entre as rede de carregamento em um dos meus textos para o Portal iG. Quero ressuscitar o assunto, mas com uma visão um pouco mais crítica.


Este texto foi inspirado pela reflexão feita por um grande colega meu, Clemente Gauer, durante a participação de um painel do Portal Movilidad transmitido no dia 23 de agosto de 2023, sobre o assunto "Mobilidade Elétrica e Sustentável no Brasil".


Antes de abrir qual foi a fala que me chamou a atenção, gostaria de contextualizar oque seria a conectividade das estações ao qual me refiro. Já falei em outros momentos que fundamentalmente existem dois tipos de carregadores de veículos elétricos: Dumb ou Smart.


Os carregadores Dumb (apesar da tradução significar mudo) são chamados de carregadores burros, aqueles que não possuem conectividade e gerenciamento externo.


Os carregadores Smart (traduzindo, inteligentes) são os carregadores que possuem função de conectividade e gerenciamento externo. No Brasil, geralmente possuem a conectividade através do protocolo OCPP (Open Charge Point Protocol).


Dessa forma, as empresas que fazem o gerenciamento dessas estações conseguem ler os parâmetros enviados, como consumo de energia, falhas e disponibilidade, e também encaminhar comandos, como autorização de início de carga após validação do usuário. Sem essa integração, não se torna viável imaginar a exploração do serviço de recarga. Afinal, o carregador não passaria de uma tomada evoluída.


Desde 2020, estamos presenciando o surgimento dia após dia de vários novos pontos de carregamento gerenciados por empresas diferentes, forçando ao usuário baixar diversos aplicativos em uma mesma rota de viagem.


Claro que o sonho de todo usuário de veículo elétrico é usar apenas o seu aplicativo favorito para iniciar e pagar suas recargas, independente a qual empresa pertence o carregador. Essa solução já existe e é muito difundida em outros países, trata-se do OCPI. O OCPI (Open Charge Point Interface) permite o roming automatizado entre redes de carregamento de veículos elétricos e tão desejada interoperabilidade das redes de carregamento.


Agora que contextualizei a conectividade das estações, quero trazer a fala que tanto me chamou a atenção:

Até que exista um piso garantidor de qualidade, a interoperabilidade vai ser uma coisa que a gente terá que avaliar caso a caso.

Apesar de ser um grande defensor da integração das empresa, o exemplo dado no painel faz todo o sentido. Imagine que você pare na estação da Empresa ABC Energy e utilize o aplicativo da empresa XYZ EV. Se a sua recarga não iniciar adequadamente, de quem será a responsabilidade?


O que o Clemente quis dizer é que, mesmo que você utilize um aplicativo que presa pela qualidade e experiência do usuário, mas deseje carregar em uma estação de outra empresa que não tenha o mesmo cuidado ou um suporte adequado, a experiência do usuário será negativa e, provavelmente, a imagem de ambas as empresas serão arranhadas com feedbacks negativos.


Não sou à favor do governo sendo o responsável pelo desenvolvimento da infraestrutura de carregamento no Brasil, mas que faça a sua parte através de políticas públicas para incentivar o crescimento e regulamentações que garantam a qualidade mínima de atendimento ao consumidor. Mas calma lá "Seu Governo", não vá fazendo as coisas sem consultar o principal interessado, o cidadão.


Como citado no painel, a União Europeia possui uma base definida de SLA para as estações de carregamento. Sendo assim, é possível ter uma garantia mínima de qualidade aceitável de ambos os parceiros para seja viável e desejável a interoperabilidade das redes.


Até que a mobilidade elétrica no Brasil atinja a mesma maturidade, teremos que separar uma parte da memória dos nossos Smartphones para carregarmos nos veículos elétricos e que venham cada vez mais empresas, mas que todas tenham como compromisso a qualidade de atendimento ao usuário.


Até mais.


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