Fala galera, beleza? Estive um tanto quanto ausente nos últimos tempos por um bom motivo. Finalmente nos mudamos para um novo condomínio e muito mais modernos que anterior, mas não tanto quanto gostaria.
Após cinco anos de carro elétrico sem ter um carregador em casa, decidimos mudar de condomínio (os incomodados que se mudem, certo?) O novo condomínio foi entregue recentemente e diversos outros proprietários também possuem carros híbridos e elétricos. Por conta disso, minha expectativa de conquistar um ponto de carregamento em meu novo lar, doce lar, era bem alta.
Inclusive, alguns dos proprietários compraram seus apartamentos com a promessa que seria possível a instalação de carregadores, mas não foi o que aconteceu. Além da construtora não ter previsto a infraestrutura de carregamento no projeto original, a receptividade por parte da síndica não foi das mais calorosas em relação a ideia de implantarmos os carregadores, seja de forma coletiva ou individual.
É incrível como um condomínio entregue em 2024, apresente uma resistência por parte das instâncias executórias das ações. O problema é que a necessidade já existe, semelhantemente aos co-working que foram implantados de forma bem sucedida e muito mais rápida que os carregadores. Ou seja, não se trata de dificuldade de acompanhar tendência quando há o interesse em atender seu consumidor.
Sem um motivo muito objetivo, as construtoras demonstram resistência a instalação de pontos de carregamento em seus empreendimentos. Os argumentos estão na mesa, mas eles não conseguem se manter quando são apresentados os fatos.
Muitas construtoras alegam ausência de itens de segurança para a previsão de pontos de recarga, pois não saberiam quais os elementos de proteção contra incidentes com veículos elétricos. Todavia, isso se demonstra uma total hipocrisia observarmos que os incidentes com veículos à combustão são 60 vezes maior que registro com os veículos elétricos se pegarmos um corte a cada 100.000 unidades.
De acordo com estudos Nation Transportation Safety Board (NTSB), foram registrados 1.529,9 incêndios a cada 100.000 veículos quando falamos de carro à combustão contra 25 a cada 100.000 veículos quando falamos de veículos 100% elétricos.
Ainda sim, muitos argumentos utilizados por aqueles que querem "vender" solução é que os veículos elétricos trazem maior risco de gerar o colapso da edificação no caso de um incêndio devido as características químicas das baterias de alta tensão. Todavia, foram trazidos estudos pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal em uma roda de debate sobre o assunto no CAU-DF que pouco se diferencia a quantidade de energia desprendida entre veículos elétricos e veículos à combustão modernos.
Se preocupação com a segurança da edificação realmente é o principal motivo, a hipocrisia fica ainda maior pelo simples fato que os elementos de segurança contra incêndio em edificações residenciais não os mesmos que nos prédios comerciais. Faço um desafio: Olhe para garagem do prédio que você mora e observe se ele possui sistema de sprinkler, detectores de fumaça ou mesmo botoeira de acionamento do alarme de incêndio.
Ainda existe o argumento que muitas seguradoras estão recusando a cobertura das edificações com pontos de carregamento. Esse é o argumento mais infundável de todos. Caso as seguradoras tivessem calculado um risco tão alto, por que haveria de comercialização de seguro para automóveis elétricos? Outro ponto importante acerca dos seguros, se não houver uma cláusula explícita que exclua a cobertura de sinistro envolvendo os veículos elétricos, a seguradora não pode se recusar a garantir a cobertura.
Soa até como absurdo imaginar uma discriminação de cobertura por conta disso. Diria mais, seria uma dor de cabeça imensa aos gestores de estacionamento filtrarem os veículos que acessam de acordo com a fonte de energia. Como seria dada essa informação ao consumidor? Haveria a observação na placa que informa a apólice do seguro?
Outro ponto que deve ser discutido é a segurança em torno da instalação do carregador em si. Semelhantemente a instalação de um posto de abastecimento de veículos à combustão, os pontos de carregamento de veículos elétricos também possuem uma normal a ser seguida. A NBR 17019 traz todos os itens de segurança para garantir instalação adequada. Uma vez atendidos todos os requisitos, não há motivo para barrar a instalação.
Ah, mas quem garante que a instalação será feita de acordo com a norma? Não que seja proibitivo a implantação tardia, mas é mais um motivo para que o projeto do ponto de recarga seja previsto desde a origem do condomínio, igual nos casos de previsão ar condicionado nos apartamentos. O consumidor já demonstrou que o ponto de carregamento é um desejo e uma necessidade. Tanto que algumas cidades já legislaram sobre o assunto.
Os consumidores já demonstram o desejo por esse pontos de carregamento de formas gritantes: através do crescente volume de vendas e por seus legisladores. Cidades como São Paulo já possuem lei que OBRIGAM a previsão de pontos de carregamento nos novos empreendimentos, tantos residenciais quanto comerciais. Agora, basta ser cumprida pelas construtoras.
Até mais
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