Ministério do Meio Ambiente convoca agentes de transformação para descarbonizar o transporte de cargas no Brasil: e-FAST
- Thiago Garcia
- há 7 dias
- 2 min de leitura

Gostaria de compartilhar mais um passo na minha jornada pela sustentabilidade na mobilidade. No dia 02/07/2025, participei de um workshop promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que apresentou a nova plataforma colaborativa e-FAST.
A iniciativa, desenvolvida em parceria com a WRI Brasil, Drive Electric Campaign, Shakti Sustainable Energy Foundation e o próprio MMA, tem como objetivo estruturar uma coalizão de atores para desenvolver diretrizes e fomentar experiências que acelerem a descarbonização de um dos maiores responsáveis pela poluição nos grandes centros urbanos: o transporte de cargas.
Além de representantes do setor público e da WRI, o evento contou com a participação de empresas como Braspress e Reiter Log, que compartilharam suas experiências com veículos de carga 100% elétricos e as estratégias adotadas para viabilizar essa transição.
É comum pensar que os principais obstáculos para a adoção da mobilidade elétrica sejam o alto custo de aquisição dos veículos e a infraestrutura de recarga limitada. Embora essa percepção esteja parcialmente correta, esses fatores são, na verdade, sintomas de desafios estruturais mais profundos. Hoje, gostaria de focar especificamente na questão da aquisição dos veículos.
Além da carga tributária que encarece o preço final, foi levantada por um dos participantes a dificuldade de aprovação de crédito e a aplicação de taxas de juros mais altas quando o bem financiado é um veículo elétrico. Isso se deve, em grande parte, à percepção de risco por parte das instituições financeiras, que temem que, em caso de inadimplência, o veículo esteja excessivamente depreciado ou com a bateria degradada, tornando-o pouco comercializável.
No entanto, essa visão merece ser reavaliada. Veículos elétricos possuem um OPEX (custo operacional) significativamente menor que os veículos a combustão, o que aumenta a receita líquida das operações e reduz o risco de inadimplência. Além disso, sua vida útil tende a ser igual ou superior à dos veículos convencionais, devido à menor quantidade de peças sujeitas a desgaste.
Quanto às baterias, elas têm uma expectativa de vida superior à idade média da frota nacional e podem ser reaproveitadas em aplicações como sistemas de armazenamento de energia solar. Existe, inclusive, um mercado competitivo para baterias usadas de veículos elétricos.
Diante disso, como podemos enfrentar o desafio do crédito? Além de fundos e programas específicos para frotas verdes, instituições como o Banco Mundial já oferecem linhas de financiamento voltadas à eletrificação. No contexto nacional, acredito que seria essencial um estudo aprofundado envolvendo a FEBRABAN e a SUSEP, para avaliar se o risco percebido se confirmou nos últimos anos ou se foi apenas fruto da inexperiência na comercialização desses produtos. Como se trata de um bem diferenciado, sua abordagem comercial também precisa ser repensada. A revenda de um veículo elétrico retomado pode ir muito além de um simples leilão — afinal, a bateria pode representar até 50% do valor do bem e, fora do veículo, pode ter ainda mais valor.
Para concluir, deixo uma reflexão: como sociedade, qual é o maior risco — a inadimplência ou a permanência de veículos poluentes nas ruas?
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