
Fala galera, beleza? De alguns dias para cá, recebi uma mensagem preocupante de um amigo. Nada novo para mim, mas que tomou uma proporção inaceitável. Por conta do potencial destrutivo do fato, decidi expor a situação.
Já comentei diversas vezes o crescimento rápido que a mobilidade elétrica apresentou nos últimos cinco anos e todos os desafios enfrentados por conta de diversos motivos, seja por interesses econômicos, políticos, por desconhecimento somado orientações equivocadas ou mesmo por um medo espalhado deliberadamente por pseudo especialistas do mundo automotivo.
Para quem não conhece minha pessoa, sou usuário "hard" da mobilidade elétrica há mais de 5 anos, feliz associado da ABRAVEi e, atualmente, vice-presidente da mesma.
Por conta da experiência e o conhecimento que adquiri na prática, fui convidado para atuar como User Experience na Tupi por dois anos e meio. Em seguida, fui convidado a colaborar no crescimento da Go Electric, empresa que estou a mais de um ano. Graças a essas oportunidades, posso ter a visão do usuário e do empresário da mobilidade elétrica ao mesmo tempo.
Tento compartilhar essas visões com ambos os lados e, em uma oportunidade de debater sobre a dificuldades que os estrangeiros encontram para usar os aplicativos das redes de recarga no Brasil, ouvi a seguinte afirmação de uma dessas empresas: "Não temos tempo de nos focarmos em um público de quantidade insignificante enquanto tenho tantas tentativas de golpe".
Considerei uma alegação muito pesada, ignorar qualquer dor de um usuário não deveria ser secundário, independente da quantidade de pessoas afetadas. Mas também não posso tirar a razão. Tentativas de golpe existem desde que as recargas começaram a serem cobradas pelos aplicativos, principalmente nos carregadores mais rápidos.
O que mudou foi a denúncia de um grupo de WhatsApp para aplicação de golpes em massa em diversas empresas. E não é um macete aqui ou outro, trata-se de uma rede de golpistas e diversos usuários envolvidos. Graças a isso, podemos dizer foi adicionada mais uma pedra no caminho da mobilidade elétrica. O pior de tudo é saber que o próprio usuário se torno essa pedra.
Você pode até pensar que essas empresas tem muito dinheiro e que pouco afetaria, mas está enganado. Pense assim, muitas dessas empresas ainda estão pagando o investimento e precisam apresentar resultados para os investidores. O que acha que irá acontecer se os investidores notarem a que existe o risco envolvido? Ele irá reduzir os investimentos na ampliação da infraestrutura de carregamento. Em um nível mais preocupante, os investidores podem chegar a conclusão que não vale a pena e se retirarem do negócio.
Para combater esses golpistas, as empresas são forçadas a criarem cada vez mais elementos de segurança, tornando a experiência do usuário mais complexa com tantas checagens e exigências. Algo que um dia foi tão simples, acaba se tornando tão complexo quanto uma transação bancária pelos mesmos motivos.
Do golpista, não espero nada além do que o golpe, mas o usuário que pensa que está levando vantagem, acaba prejudicando ao mercado de mobilidade elétrica, aos demais usuários e a si mesmo. Tenho certeza muitos até estão tentando se convencer que se trata de justiça social, ou que não estão prejudicando ninguém. Mas faço uso das tão famosas palavras do Boris Feldman: "isso é PI-CA-RE-TA-GEM". Aliás, muitos desses golpes são executados afetando terceiros que não sabem nem da existência do carro elétrico.
Então, termino esse texto fazendo um pedido: Se souber de alguém oferecendo "vantagens" em recargas, denuncie às empresas ou mesmo a polícia para que possamos construir uma mobilidade elétrica forte e consistente no Brasil. Ah, fica dica para os espertinhos: estelionato é crime, você não vai querer deixar de ser réu primário por conta de recarga de veículo elétrico, ou vai?
Até mais.
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