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Miraram a China e acertaram o Carro Elétrico

Quanto que o carro chinês virou sinônimo de carro elétrico?


JAC e-JS4
JAC e-JS4

Fala galera, beleza? Já notaram como o termo carro elétrico sempre está vinculado a indústria automotiva chinesa? Parece que não existe mais carro à combustão produzido na China. Na verdade, a China buscou mudar sua produção de veículos por motivos objetivos e menos passionais do que a maioria das pessoas possa imaginar.


Como carro chinês virou sinônimo de carro elétrico


Há mais de uma década, o governo chinês entendeu que sua dependência dos combustíveis fósseis colocava o país em uma posição de insegurança perante ao mundo. Então a China precisava encontrar uma solução de reduzir essa insegurança e buscar outra fonte de energia que poderia ser produzida internamente.


Juntamente com essa questão, a China também observou que a sua indústria automotiva era atrasada em relação aos europeus, japoneses e americanos. Então, por que disputar uma corrida que já se sai em desvantagem? Foi aí que surgiu o mercado de veículos elétricos chineses.


Quem conheceu a China até 2010 sempre relatou a poluição no ar tão intensa que era impossível ter uma visão nítida do céu em pleno dia, os olhos sempre secos e não eram poucos os relatos de sangramento nasal. Mais do que uma questão ambiental, o veículo elétrico trouxe um benefício à saúde pública.

O relatos nos dias de hoje de quem visita a China após poucos anos da adoção de eletrificação da frota já indicam que o clima é completamente diferente, inclusive com a possibilidade de ouvir novamente os pássaros mesmo nos grandes centros. Assim se formou um mercado interno tão grande quanto o restante do mercado global e incentivo a evolução dos produtos ofertados por centenas de marcas.


A ameaça oriental


O ponto é que o Brasil nunca se sentiu incomodado com a ameaça dos veículos elétricos. Tanto que, em 2015 foi aprovada a isenção do imposto de importação para os veículos elétricos e redução para os veículos híbridos. Algumas centenas de carros foram importadas e sua presença era pouco perceptível, exceto por uma matéria ou outra de fatos curiosos falando do FUTURO. Mas era um futuro que as montadoras nacionais não se importavam, afinal, nada se fez aproximadamente 5 anos para tornar o futuro atingível.


Já em relação aos veículos chineses, o incômodo foi quase que imediato. Ainda em 2011, quando a JAC Motors, Lifan e Chery trouxeram suas primeiras unidades, os movimentos de defesa começaram quase que imediatamente. Eis que surgiu o Inovar Auto em 2014 para frear as importações. O resultado foi a absorção das operações da Chery pela CAOA, o estrangulamento das vendas da JAC e a morte da Lifan.


Como o plano foi bem sucedido, mais uma vez a indústria automotiva brasileira voltou a navegar em mares tranquilos, sem a necessidade de mudar seu rumo, ou seja, para que inovar se já estamos vendendo o que oferecemos? Um facelift aqui, outra coisinha da Europa incorporada já deixavam o consumidor feliz o suficiente para trocar de carro, e assim caminhava a humanidade, com passos de formiga e sem vontade.


Em 2019, com a apresentação de seus novos modelos elétricos por empresas já presentes no Brasil, como Renault, Audi, Volvo, Porsche, Fiat, Peugeot, Mini, BMW, GM, JAC e Nissan e uma boa aceitação do mercado consumidor, outras marcas também se sentiram mais animadas em considerar o mercado brasileiro como novo destino para sua produção.


Assim, as grandes marcas chinesas BYD e GWM "compraram" a ideia e investiram sua presença em terras "tupiniquins". Ao invés de trazerem algumas dezenas de carros para serem vendidas em 2 ou 3 lojas pelo Brasil, ambas apostaram de desembarcar milhares de carros para pronta entrega e em vendas on-line. Suas redes de concessionárias passaram de 0 para 1 centena em pouquíssimo tempo. Hoje, seus modelos são estão liderando as categorias, mesmo competindo com veículos à combustão tradicionais no mercado nacional.


O que aconteceu na realidade é que as marcas chinesa viram que o brasileiro tem uma ansiedade por veículos eletrificados que não estava sendo atendido pela indústria local. "Olha, vocês querem comprar, eu tenho para vender". Não esqueçam de um pequeno detalhe, além China ter produção em grande escala, ela desenvolveu o que há de melhor no mundo em relação a mobilidade elétrica.


Guerra entre os pesos pesados


Para o consumidor final, os veículos leves são aqueles mais observáveis, mas a briga é muito maior nos veículos pesados. A VW CO apresentou sua primeira versão de retrofit do Delivery já com um volume de encomenda substancialmente alto para a AMBEV. Entretanto, devido a sua capacidade de produção limitada, o JAC iEV1200T acabou sendo a opção de compra de grande parte das transportadoras, inclusive para a AMBEV também. Juntamente com a JAC, outras marcas de pesados mostraram um grande potencial de entrega para atender a demanda crescente, como a BYD, XCMG, Volvo e mais recentemente a Scania. Essa é a prova que não basta ter produção nacional, precisa ter capacidade de produção.


Entre os ônibus, as principais marcas são a BYD, Eletra (nacional), Higer, Ankai, VW, Mercedes e Marcopolo. Nota-se o mercado de ônibus elétricos é muito mais disputado que de caminhões, mas a briga entre as marcas é muito mais ferrenha devido as licitações e o volume em cada negociação, fazendo com que as marcas nacionais apelem muito mais para o seu lobby junto ao poder público.


Ataque aos veículos chineses


Muitos diriam que o imposto de importação é uma ação de defesa à indústria nacional. O problema é que, falando de veículos leves, como não há produção para ser defendida, o imposto de importação torna-se um mero ataque.


Com um lobby nenhum pouco camuflado da ANAFAVEA, o imposto de importação para os veículos elétricos foi retomado de forma inegociável, de forma gradativa para que as marcas se organizassem com o discurso de permitir que as montadoras nacionais pudessem iniciar a produção dos seus veículos eletrificados. Entretanto, mesmo com o retorno do imposto, o consumidor quem já tinha desejo de adquirir o carro elétrico acabou antecipando a compra antes que ficasse inalcançável. Graças a isso, a maior oferta de modelos e infraestrutura de carregamento em desenvolvimento, o volume de vendas no 1º semestre de 2024 foi 510% maior que no mesmo período do ano anterior.


Agora, a ANFAVEA cobra do governo federal o retorno imediato dos 35% de imposto de importação, quebrando o planejamento das organizações, trazendo insegurança jurídica e forte impacto no bolso do consumidor com a alegação de que a indústria nacional não teve tempo de se preparar para a o desenvolvimento e produção de veículos eletrificados.


Mas aí fica a minha pergunta: Não teve tempo ou nunca teve a intenção? Para ser sincero, excluindo as marcas chinesas BYD e GWM, não ouvi falar de mais nenhuma marca no Brasil com interesse em produzir os veículos eletrificados. "Ah mas tem o Corolla Hybrid que é Flex". Ok, vamos fazer um desafio: pesquise quantos quilômetros é possível rodar com o Corolla Hybrid sem acionar o motor à combustão e depois reflita se realmente é possível incluir o MHEV na lista dos veículos eletrificados de forma justa.


Somando ao imposto de importação, surgem também as narrativas contra o carro elétrico (que separei em outro texto para não ficar longo) para gerar o sentimento de rejeição pela população em relação ao carro elétrico e, por tabela, ao carro chinês. Já pude observar ataques de diversas "celebridades" do mundo automotivo e até de representantes dos poder executivo que chegaram a soar com tom de Xenofobia. Eu não me lembro de nenhuma crítica ao "Carro Elétrico Americano" ou ao "Carro Elétrico Europeu" ou até mesmo ao "Carro Elétrico Japonês".

Todos esses discursos se calam a partir do momento que o consumidor consegue ter a sua experiência pessoal. Como sugestão pessoal, procure um ponto de carregamento rápido para encontrar alguém que tenha o veículo no seu dia a dia e ouça a sua história. Nada melhor que ouvir o verdadeiro especialista: o dono do carro.


Para concluir esse texto tão longo, não adianta demonizar o carro elétrico, até com o retorno do imposto de importação, as vendas continuam crescendo por que o consumidor brasileiro quer comprar. Se o desejo da indústria é frear avalanche de veículos vindos da China, deixo uma dica muito valiosa: Melhorem os seus produtos e ofereçam algo que o consumidor queira comprar.


Até mais.





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