Afinal, o que é um carro elétrico?
- Thiago Garcia
- 18 de mai.
- 3 min de leitura

Fala galera, beleza? Recentemente me deparei com um dilema que parece ser de simples resolução, mas a resposta pode variar de acordo com a perspectiva e o objetivo.
Durante o Curso de Extensão da Unicamp sobre Mobilidade Elétrica, fiz a seguinte pergunta para o professor Valério Marochi: Professor, BMW i3 REx é um veículo elétrico ou híbrido? A resposta foi dada de forma precisa e cirúrgica, mas não quero dá-la de presente, prefiro gerar o debate.
Existem dois pontos de perspectiva para chegarmos a essa resposta:
Sistema de tração
Considera-se um veículo elétrico aquele que faça uso integral de motor elétrico para tração do veículo, independente da fonte de energia que produza a eletricidade e que acionará o motor de tração.
Se formos por essa linha de raciocínio, o BMW i3, mesmo com um motor à gasolina, é uma carro elétrico. Mas ele não estaria sozinho nesse grupo. Temos uma gama pequena, mas existentes, de veículos com essa característica. Tais como: Nissan Kicks e-Power, Aito M9, Toyota Mirai e promessa brasileira Lecar 459. Aliás, poderíamos inclusive adicionar neste rol veículos de mineração, locomotivas e até submarinos nucleares.
Fonte de energia
Considera-se um veículo elétrico aquele que tenha como fonte unicamente elétrica para alimentação dos motores de tração. Ainda sim, podemos ter uma separação entre os veículos de fonte interna (baterias) e externa (trólebus). Os veículos com geradores à combustão estariam eliminados da categoria de veículos elétricos e seriam considerados meramente híbridos.
Um fato curioso para vocês, até no prisma de Fonte de Energia temos uma versão híbrida 100% elétrica. Ficou confuso? Vamos lá: Existem veículos, como o Eletra e-Troll e a Scania 25P, que fazem uso de fonte interna e externa, podendo ter como fonte principal tanto um quanto o outro. Eles trabalham de uma forma que a bateria de alta tensão possa ser recarrega durante seu estacionamento (carregador) quanto durante sua condução (pantógrafos).
O ponto em questão é que a perspectiva deve ser muito bem definida para que não haja margem para interpretações após a publicação de leis e decretos que buscam incentivar a mobilidade elétrica.
Se o objetivo da lei for simplesmente a redução do consumo de fontes de energia fóssil, a perspectiva pela tração, atenderá muito bem, pois haverá, sim, uma redução do consumo de combustível e ainda poderá atingir uma gama maior de veículos que atenderiam os requisitos legais.
Entretanto, se o objetivo for a redução de emissões, um veículo que possui outras fontes de energia continuará sendo um carro "fumacento". Emitir menos ainda significa emitir alguma fumaça. Além disso, adiciona-se a complexidade dos sistemas híbridos com a manutenção do sistema elétrico, à combustão e todas as peças correlatas a operação integrada entre ambos.
Em um país como o Brasil, que é um dos principais fornecedores de combustível fóssil e com altos índices de poluição atmosférica e nossas cidades, olhar apenas para o sistema de tração é tentar tampar o sol com a peneira. Até pode fazer uma sombra, mas ainda sim você irá se queimar e terá um bronzeado meio esquisito.
Esse é um debate que deve ser levado de forma séria, pois temos projetos de leis e decretos que desconsideram completamente essa questão. Só peço um favor: não usem termos como Híbrido Completo ou qualquer coisa do tipo quando for mencionar os HEVs, se é híbrido, não é completamente nada.
Lógico que temos os veículos à célula de combustível que ainda geram uma dúvida como enquadra-los. Pois não são alimentados com eletricidade, mas a fonte de energia também não poderia ser considerada emissora de gases poluentes em alguns casos. Entretanto, isso é uma discussão que caberia a outro texto sobre a eficiência energética desde sua produção e a complexidade operacional.
Até mais.
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