top of page

São Paulo lidera o caminho da Eletromobilidade Urbana

Slide que mostra a implantação de Trólebus em São Paulo
Slide que mostra a implantação de Trólebus em São Paulo

Fala galera, beleza? Já tem algum tempo que não escrevo minhas opiniões e experiências aqui. Não digo que seja por falta de assunto, mas por um tempo cada vez mais limitado. Por favor, me cobrem por mais textos.


Entrando no assunto, no dia 23 de setembro, a cidade de São Paulo, em parceria com o C40, promoveu um evento pequeno em tamanho, mas grande em valor. Neste evento, foi apresentado o passo a passo do programa municipal de substituição da frota de ônibus à diesel por veículos com tecnologia limpa e podemos afirmar que São Paulo lidera o caminho da Eletromobilidade Urbana no Brasil.


Tive a oportunidade de participar do evento Caminhos para Eletromobilidade Urbana em São Paulo como vice-presidente da ABRAVEi e produzir um relatório que gostaria de compartilhar com vocês. Detalhe: Deus abençoe as IAs que me ajudaram a transcrever minhas anotações e fotos dos slides.


Este relatório apresenta uma análise aprofundada do plano de eletrificação da frota de ônibus de São Paulo, com o objetivo de demonstrar a solidez e os benefícios do projeto para um potencial parceiro de financiamento, como um banco de desenvolvimento.


1. O Cenário de Transporte e a Oportunidade Estratégica


A São Paulo Transporte S.A. (SPTrans) gerencia um sistema de transporte público por ônibus que é um dos maiores do mundo. Atualmente, a frota da cidade é de 13.437 veículos, dividida em 8 áreas operacionais. O sistema serve 7,1 milhões de passageiros em dias úteis, operando em 1.318 linhas.


O projeto de eletrificação visa substituir a frota a diesel, que consome 450 milhões de litros de combustível por ano, por veículos de emissão zero, atendendo às metas da Lei Municipal nº 16.802 de 2018. Esta lei estabelece a redução progressiva das emissões de poluentes, com a meta de 100% de redução de CO₂ fóssil e 95% de MP e NOx em 20 anos.


No dia anterior, a cidade de São Paulo recebeu mais 120 ônibus elétricos, que totalizam 961 veículos elétricos (inclusive trólebus). Isso significa que a 7% da frota de veículos da cidade já são veículos de zero emissão.


2. Benefícios Financeiros e Retorno do Investimento


A eletrificação da frota traz um claro benefício financeiro, com uma alta taxa de retorno social. O investimento inicial, embora alto, é compensado pelos ganhos a longo prazo.


  • Economia Operacional: Cada ônibus elétrico gera uma economia mensal de R$ 20.000.

  • * Vida Útil Estendida: Os veículos elétricos possuem uma vida útil de 15 anos, superando os 10 anos de um veículo a diesel.

  • Ganhos Nacionais e Globais: A substituição da frota a diesel no Brasil poderia gerar benefícios cumulativos de US$ 1,2 trilhão em saúde pública até 2050. Um estudo de 2017 do Instituto Ar e Greenpeace projeta que a eletrificação de 100% dos veículos leves a partir de 2020 resultaria em 12.796 vidas salvas e uma economia de R$ 46,5 milhões em internações.


3. Estrutura de Financiamento e Garantias


O projeto é estruturado para garantir a viabilidade financeira e mitigar riscos, um ponto crucial para um banco de desenvolvimento.

  • Subvenção Pública: A Prefeitura de São Paulo se compromete a pagar a diferença do custo dos ônibus elétricos, com um recurso de R$ 6,6 bilhões. Esta subvenção é uma estratégia considerada mais barata e eficaz do que o modelo de aluguel já utilizado.

  • Parceria com Bancos de Desenvolvimento: A prefeitura busca ativamente o apoio de bancos como o BID e o Banco Mundial para o projeto. O BNDES é uma referência no modelo de subvenção de São Paulo.

  • Gerenciamento de Risco: A SPTrans não libera os recursos para os ônibus sem a garantia de que a infraestrutura de carregamento está pronta. Os contratos levam em consideração a continuidade do sistema.


4. Infraestrutura e Tecnologia de Recarga


O plano de implantação da infraestrutura elétrica é gradual e bem definido. A maioria das 41 garagens de São Paulo já possui entrada de energia em média tensão, o que simplifica a implementação.


  • Fase Piloto (Início: 2019): Carregadores de 80 kW em média tensão para 18 veículos.

  • Fase Emergencial: Utilização da sobra de potência das garagens com carregadores de 60, 120 e 180 kW para 132 veículos.

  • Fase Média Tensão: Atualmente em implantação, com carregadores de 180 kW.

  • Fase Alta Tensão: Em estudo, pois a instalação é cara e requer regulamentação específica. Houve uma pergunta no final do evento se o BNDES financiaria a infraestrutura de alta tensão e resposta foi que não estava no espoco, visto que o financiamento dos veículos já exigia um recurso considerável.

  • Otimização da Rede: A tecnologia BESS (Battery Energy Storage System) está em estudo para otimizar o uso da rede elétrica, aproveitando a demanda ociosa e dando suporte nos picos. A ANEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) trabalha para criar regulamentos que permitam a instalação de infraestrutura sem penalizar a sociedade com tarifas elevadas.


5. Ganhos Sociais e o Impacto no Ecossistema de Mobilidade


A eletrificação é um vetor de mudança social, e seus benefícios se estendem a toda a população:


  • Saúde Pública: 50% dos benefícios da eletromobilidade estão ligados à saúde pública. A redução da poluição sonora e atmosférica melhora a qualidade de vida nas ruas, garagens e para os motoristas.

  • Justiça Ambiental: Os benefícios para a saúde são maiores quando a energia elétrica é gerada a partir de fontes limpas. A atenção à justiça ambiental é crucial para garantir que a poluição não seja apenas transferida para o local de geração de energia.

  • Novo Ecossistema de Mobilidade: O projeto piloto da eletromobilidade, iniciado em 2019, demonstra o compromisso da cidade com a inovação. A eletrificação também impulsiona a produção de outras modalidades, como a frota de 50 viaturas elétricas da Polícia Municipal e os táxis (atualmente 5.000 a gasolina e 1.000 elétricos).


Houve um comentário bem interessante durante o evento que, durante a pandemia, muitos homens migraram para as motos, aumentando proporcionalmente a presença feminina no transporte coletivo. Desta forma, nada mais justo que pensar que a oferta de veículos mais limpos, confortáveis e seguro também é promover um transporte de maior qualidade para nossas mães, esposas e filhas.


Longe de dizer que o transporte coletivo de São Paulo é perfeito, mas podemos afirmar que o projeto traz uma receita interessante para ser replicado em outras cidades. Na minha opinião, estamos seguindo em um caminho muito promissor. E você o que pensa sobre o assunto?


Até mais.

Comentários


  • LinkedIn
  • X
  • alt.text.label.Instagram
  • alt.text.label.YouTube

Colabore para a melhoria e manutenção do projeto Meu Carro Elétrico

Doar com PayPal

©2023 por Thiago Garcia. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page